A FELICIDADE EXISTE?
Confira abaixo um trecho do meu novo livro
(…) Do ponto de vista mais materialista, cheguei a pensar e me perguntar ao planejar este livro: existe felicidade?
Por muitos anos e em diversos momentos, minha sensação de bem estar e as interjeições de pessoas, amigos, doentes, colegas de profissão e clientes de terapia se fixavam em uma sensação que se apresentava na ausência do sofrimento.
São Tomás de Aquino na Doutrina do Mal, evidencia, grosso modo, que o mal não existe, sendo este a ausência do bem que, por acaso é Deus.
Pense em uma criança, um bebê, uma criatura ainda isenta de toda e qualquer incumbência para o sofrimento e pense também que quanto mais simples e menos instruído é um ser humano, mais fácil lhe parece a existência, ao passo que quanto maior seu conhecimento e elevação, mais ele sofre. Por que?
O bebê, por sua ingenuidade, ignora o sofrimento, bastando à ele reconhecer a fome ou a ausência da mãe para chorar e reestabelecer o seu estado de não sofrimento ou de felicidade.
O homem, ciente de sua vida e de seu papel, se felicita por acordar e por ter em ordem sua saúde que o permite trabalhar, se relacionar e, assim, manter seu papel social que, com o decorrer dos dias, da semana, dos anos, lhe rouba, em alguns casos, a felicidade de estar presente ao lado da esposa, dos filhos e lhe furta, ainda, o tempo em que, sem o sofrimento do trabalho ou das obrigações, pensa em si mesmo e percebe sua essência, resignando-se.
Ao passo, então, que o ser humano avança em idade, torna-se mais conectado com sua infância sentindo-se saudoso da ausência dos sofrimentos, desafios e obrigações impostos pela vida e livra-se, par e passo, dos incômodos que o fazem perecer física e mentalmente, rumando ao regozijo da felicidade simples que encontra nos netos e na simplicidade.
Aproveitem esse momento para pensar na natureza e na simplicidade com que ela se faz feliz.
Talvez seja impossível pensar em uma natureza triste se ela por si só, observável, é a expressão máxima da felicidade e da alegria.
A comunhão do homem com a natureza é a expressão do amor, do simples, do normal e da felicidade pela ausência do sofrimento.
Tira-lhe o sol, a água, as raízes, fere teu tronco, arranca-lhe as flores ou imponha à essa natureza condições severas de clima ou de ação humana para lhe roubar a felicidade, o viço aos nossos olhos.
Não sei se me atrevo a afirmar que a felicidade, tal como é concebida hoje, é matéria de invenção humana.
Sim, estou dizendo que essa felicidade que perseguimos, que as pessoas perseguem e nem sabem exatamente o que é, se é matéria ou etérea, se existe ou se é um estado de espírito. Enfim, se isso que se passa em nossas cabeças e que move a nossa sociedade ansiosa como a lenha move o trem, se essa felicidade, de uma vez por todas, é fruto da construção humana, a cada dia mais sedenta por prazeres e pela satisfação deles ou se é… sei lá.
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